Eram tempos de ditadura. Como diriam, tempos bicudos aqueles. A Política - com "P" maiúsculo - amordaçada, os políticos - com "p" minúsculo - à solta. Os Artistas, censurados, usavam de todas e qualquer brecha para lançar sua arte libertária ao mundo - "quem tem ouvidos para ouvir, ouça" - de forma sutil, refinada, impossível de ser trancada nos porões negros da ditadura.
Ivan Lins - na canção "Aos nossos filhos" (clique para ouvir) - deixava um testamento ao futuro, pedindo perdão por tudo aquilo, perdão pela falta de abraços, pela cara amarrada, por tantos perigos, pela falta de abrigo, de amigos, a falta de folhas, de ar, de escolhas... afinal, os dias eram assim.
Esperançoso, dizia que quando soltarem os laços, lavarem as mágoas, a alma, a água, lavem os olhos por mim.
Terminava pedindo que quando colhessem os frutos, dissessem a ele o gosto.
Pois estamos colhendo os frutos, Ivan. E O GOSTO É AMARGO !!!!
quinta-feira, setembro 13, 2007
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2 comentários:
Engraçado citar o Ivan Lins. Na época da ditadura ele era muito mal visto pelos colegas 'politicamente engajados'. Mas o gosto tá amargo mesmo.
Tuco, salvo engano, o engajamento do artista deve ser com sua arte. Se ele for fiel a ela, seu trabalho será relevante para o mundo e angajado não só com a política, mas - mais importante - com a vida.
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