segunda-feira, julho 31, 2006

Esperança

Em 1998, a revista “Ultimato” publicou, na pág 20 do número 251, um artigo intitulado “Esperanças” no qual afirma:

“... há três tipos de esperança.... Um deles... focaliza a vida presente: a saúde, os bens materiais, a realização pessoal e a superação dos embaraços que impedem a alegria de viver... os que tem este tipo de esperança nada mais esperam depois da morte cerebral... O segundo tipo focaliza a vida futura: a eliminação da morte e do mal, a felicidade eterna... é o nirvana... o paraíso... a era messiânica... os novos céus e nova terra... O terceiro tipo de esperança focaliza a vida presente e a futura. É uma mistura do primeiro e segundo tipos. Repudia tanto o materialismo ateu como o adiamento eterno da felicidade. Não acredita em utopias humanas, mas não se ausenta da sociedade, onde se afirma como agente do bem...”

É a este terceiro grupo que eu quero pertencer. É esta a minha esperança e minha fé.

domingo, julho 30, 2006

"Faça amor,não faça a guerra..."

Quem nasceu entre 1946 e 1954, estava, em 1968, no auge da juventude, época da revolução da contra-cultura, do protesto (Levante de Paris, Festival de Woodstock, Passeata na Candelária, Marcha sobre Washimgton), dos hippies, da Era de Aquários, etc.
Tínhamos certeza que íamos mudar o mundo. Definitivamente. Sob o manto negro da guerra fria, o pacifismo e a liberdade eram a palavra-de-ordem: contra as ditaduras, contra o Vietnã, pela liberdade de expressão, pelo “amor-livre”, etc.
Quem viveu aqueles turbulentos, maravilhosos e inacreditáveis anos, tem hoje 50 a 60 anos. Está no auge do poder e do sucesso sócio-econômico-político-profissional (menos eu, que “já era”).
E o que estamos fazendo? Como está o mundo sob nossa responsabilidade?
Corrupção política, invasão do tráfico, aquecimento global, devastação ambiental, desequilíbrio econômico, guerras, terrorismo, e capitalismo selvagem são marcas registradas da atualidade.
Fracassamos, lamentavelmente, fracassamos.
Mesmo como pais, olhos para meus filhos – saudáveis, inteligentes, simpáticos, íntegros – e vejo pouco de mim. Eles são vencedores não por minha causa, mas apesar de mim.
Mas, pelo menos quando jovens, tínhamos algo a conquistar. Dizíamos “sejamos realistas, peçamos o impossível” (slogan do revolta estudantil de Paris, em 1968); “faça amor, não faça a guerra” (slogan dos movimento hippie); “abaixo a ditadura!” (slogan do movimento estudantil brasileiro).
Hoje os jovens tem um slogan. É “cada um por si, e Deus, sabe-se lá...” Não há ideal, valor, propósito pelo qual viver. Quando há, é o auto-sacrifício inútil, morrendo e matando em função de um fanatismo irracional e impiedoso.
Dominam os “buches” – neologismo por mim inventado agora para designar “idiotas que detém o poder econômico e/ou político” – capitaneados pelo “próprio” no exterior e pelos “300 picaretas com anel de doutor” em nosso país.
E cada vez menos se vê alguma luz no fim do túnel. Conseguimos não nos destruir pelas armas atômicas no séc. 20, mas vamos ser destruídos pela “vingança” ambiental no séc. 21– vingança essa já visível em todo lugar, basta ler os jornais.
Só resta espaço para a esperança, esta nunca morre. A esperança de que o idealismo ausente nos jovens, hoje, se manifeste quando tiverem 40, 50 anos de idade, e façam a coisa certa. Quem sabe ainda haverá uma chance para esta pobre humanidade

quinta-feira, julho 27, 2006

Isto é Uma Ver-go-nha !

Hugo Berni, da coordenadoria dos presídios da região central do estado, disse:

"A penitenciária do Mineirão, em Sorocaba, sempre foi dominada pelo PCC e não registrávamos rebeliões ou mortes. Entre eles eram raros os assassinatos ou tentativas de fuga. Enquanto a unidade pertencer a outra facção" [no caso a TCC, Terceiro Comando da Capital], "o PCC continuará recrutando integrantes para se infiltrarem. A única forma de coibir as mortes" [houve 8 em 3 meses] "é deixando a unidade sob domínio total da facção.” Fonte: jornal "Bom Dia Sorocaba", de 27 de julho de 2006.

Isto é Incrível !!!!

Quem não faz... leva!

Assiti parte do jogo do São Paulo F.C. contra os mexicanos, ontem, pela Libertadores da América. Mesmo não sendo são paulino, torci pelos brasileiros, lógico. O segundo tempo foi sofrido, com os mexicanos mais próximos de fazer um gol do que os brasileiros. Chutaram até bola no travessão... uma bomba! Felizmente, não entrou.
Mais aí vem aquele ditado futebolítico, muito verdadeiro: "quem não faz, leva". E o São Paulo fez um gol de pênalti no finalzinho e ganhou, com méritos, o jogo.
Já perdi a conta de quantas vezes presenciei este fato: se o time ataca, ataca, e não faz, certamente vai levar um gol quando menos espera. E perder o jogo.
Bem, era isso. Um bom dia proceis.

terça-feira, julho 25, 2006

Loteria

Meu amigo Lou escreveu dia 23/7/06, na “Gruta” – http://lhmbrasil.com.br/blog - sobre sua sina de jogar na loteria na esperança de ser sorteado, como seu pai o foi tempos atrás.

Também tenho uma certa fixação pela loteria. Pego-me, às vezes, imaginando o que faria com uma “bolada”. Diferente do Lou, não jogo, sonho apenas. E já que é sonho, sonho grande: ganhando sozinho, 15 ou 20 milhões de dólares da Mega Sena acumulada!!!

É interessante como aplaco a danada da consciência que teima em me dizer que se Deus quisesse me fazer rico, Ele não precisaria da “ajuda” da loteria. Fico imaginando as benemerências que seria capaz de realizar. Separaria um terço do prêmio para “projetos sociais”, um terço para parentes e amigos, e só uma terça parte ficaria pra mim – vê só que generoso! – e pra família.

Os projetos variam, de grandiosos a “trabalho de formiguinha”; penso em mil formas de “ajudar o próximo” e ao nosso combalido planeta, especialmente nosso sofrido Brasil. Mas sempre os planos seriam implementados após longas e merecidas férias, quando teria a oportunidade de fazer uma extensa e intensa “volta ao mundo”, conhecendo tudo o que sempre quis conhecer. E olha que a lista é longa...

Como vocês vêem, muito dinheiro não seria problema para mim. Sei exatamente como e porque gastá-lo. Só me falta um meio de consegui-lo. De preferência sem muito esforço...

Ora, tome tento, home!!! Vá cuidar da vida e deixe de bobagens!!!” Tá bom, tá bom, consciência, não se irrite! To só divagando...

sexta-feira, julho 21, 2006

Amigos

Recebemos em casa, ontem e hj, visitas de amigos dos filhos. Vieram por algumas horas para matar saudades e bater papo. Como gosto muito desse pessoal, aproveitei pra curtir um pouco as visitas e o papo.
Impressionante o bem que faz "bater papo", "jogar conversa fora", "falar da vida alheia", "tricotar", "por o assunto em dia", etc, etc.
Talvez explique porque algumas pessoas acabem fazendo só isso: conversando. Mas aí perde a graça.
Bom mesmo é curtir raras oportunidades de rever pessoas queridas que você não encontra há um bom tempo. Conviver com carinho com quem você se sente bem. Sem grilos, intenções, responsabilidades, defesas, ou objetivos. Só curtir.
O mais interessante é que, pelo menos no meu caso, volto ao trabalho mais animado, como quem está fazendo algo de bom justamente para esses amigos queridos.
Meu trabalho é bastante solitário, só eu e meu computador. A amizade torna, por estes momentos, a vida mais gostosa e fácil de enfrentar. A vocês, meus amigos, muito obrigado por existirem!

quarta-feira, julho 19, 2006

O que fazer ?!

Confesso meu desânimo e pessimismo com o mundo à minha volta. Confesso não ver luz no fim do túnel (se visse, pensaria ser de um trem vindo em sentido contrário). Minha esposa me acusa de contradição, por ter-me declarado otimista a vida inteira, mas minhas atitudes ultimamente negam a afirmação. Confesso que meus heróis atuais são o Sipowisky do antigo "New York Contra o Crime"; Hardy, do mais antigo "O Leão e a Hiena"; os Drs Becker e House, dos seriados de mesmo nome. Nenhum pode ser considerado um exemplo de otimismo e entusiasmo.
Recebi há pouco uma frase, que já conhecia, dessas que circulam pela rede, atribuída a Martin Luther King que me provocou escrever estas linhas. Diz a frase: "O que mais preocupa não é nem o grito dos violentos, dos corruptos, dos desonestos, dos sem caráter, dos sem ética. O que mais preocupa é o silêncio dos bons." Lembrei-me de outra, de um teólogo alemão a respeito do avanço do nazismo no início do séc XX: "Vieram atrás dos judeus, mas como eu não era judeu, não objetei; vieram atrás dos comunistas, mas como não era comunista, não objetei; vieram atrás dos católicos, mas como não era católico, não objetei; vieram atrás de mim... e não havia ninguém para objetar..."
Uma das leis da física é que não há vazio no planeta: todo espaço está tomado, nem que seja por ar. Assim também na sociedade. Se os bons não assumirem a liderança social-econômica-política-cultural e espiritual da comunidade, este espaço será tomado, como o foi, pelos maus. E não teremos a quem culpar, só a nós mesmos. E não adiantar lamentar que ninguém faz nada pra melhorar, ou que é inútil, "ó céus, ó dia, ó azar; não vai dar certo", não adianta, prá quê?, etc, etc. A culpa não é do PCC, do Alkimin, do Lula, do Bush, das multis, do fulano da esquina. Não.
A CULPA É MINHA !!!!! E de todos aqueles que - como São Tiago disse no Novo Testamento - "sabem que devem fazer o bem e não fazem" (Tg 4.17).
Paro por aqui, volto para a minha luta particular, tentando - à minha maneira - senão melhorar, pelo menos não piorar este mundo, entregue aos cuidados e responsabilidade da humanidade.

quinta-feira, julho 13, 2006

Quem é que manda aqui?

Parece que a sede do governo brasileiro - ou pelo menos paulista - está instalada nos presídios. De lá saem ordens variadas que são cumpridas à risca pelos membros deste governo, dedicados e anônimos funcionários que colocam a própria vida em risco para obedecer a seus chefes. Devem ser muito bem pagos, ou ter muitos benefícios - plano de carreira, assistência à saúde, etc - ou ter um compromisso muito grande com a missão e propósitos dos chefes.
Comparados com o governo legal, dão um banho de eficiência. Conclusão: sabemos fazer as coisas, temos capacidade para ser eficientes, mas falta-nos compromisso com a cidadania, a justiça e o bem comum para enfrentar essa corja instalada nos presídios. Triste confirmação.

terça-feira, julho 11, 2006

Chega de Copa !!!

Tô cheio dessa discussão sobre quem, afinal, foi o culpado pela nossa derrota no Mundial: Roberto Carlos, Dida, o Parreira ou o Zagalo? A resposta é simples, clara, verdadeira e definitiva; não precisa de "replay", nem de depoimentos da mídia.

O culpado pela derrota da Seleção foi a CBF, que é, em última análise, a responsável pela Seleção e por tudo o que acontece com ela. Foi a CBF que contratou a Comissão Técnica, fez os contratos publicitários, transformou os treinos em shows, subscreveu as convocações,etc, etc, etc.

Como dizia meu sábio tio Romeu: "delega-se autoridade; não se delega responsabilidade". Em outras palavras, os jogadores erraram? Sim! A Comissão Técnica foi incompetente? Sim! De quem é a responsabilidade? Da CBF!!!

E tenho dito.

Entre o Real e o Imaginário

Não sou fã de "Lost", mas assisti a 3 episódios seguidos, recentemente, e me assombrei com a maneira como apresentaram o dilema do conhecimento da realidade, tema que pensei esgotado por Matrix.
O gordão, que finalmente acha na ilha uma mulher que goste dele, decide emagrecer e pensa que a vida vai melhorar, começa a ver um ex-colega careca de sanatório, que, segundo o psiquiatra do hospital, não passava de ilusão, um amigo imaginário e pernicioso.
Ele, então, resolve enfrentar sua imaginação e diz pro careca que ele é fruto de seu delírio e não vai mais crer que ele exista. Ao que o careca diz que, não só ele é fruto da sua imaginação, mas também toda a realidade em torno é uma ilusão e que, na verdade, ele não está na ilha, etc, etc, mas, sim, no sanatório, delirando.
Uau!!! Como provar que uma coisa ou outra seja a realidade? Situação muito doida, meu. Se me dissessem que eu não escrevo um "blog", mas só deliro que o faça, aí endoidava de vez!!! Ou será que eu já não estou louco?!?

segunda-feira, julho 10, 2006

Festa Junina

Não me perguntem o por quê, mas fizemos uma festa junina em pleno julho lá em casa. Vieram só parentes, um pequeno grupo de 17 pessoas e a comida era típica: milho verde, cuscus, pinhão, pé de moleque, paçoca, canjica, bolo de fubá, etc. Vamos ter comida típica a semana inteira...
A música foi gentileza de um tal de eMule - gozado né, a alta tecnologia preservando a música folclórica paulista. O vestuario improvisado consistia de camisas xadrez e pinturas esquisitas nos rostos. A quadrilha foi caótica e muito divertida, dançada sob as bandeirolas esticadas acima das cabeças. A fogueira estalava e emanava um forte calor, muito bem-vindo na noite fria. No fim da noite tivemos vinho quente no lugar do quentão.

Bem abastecido e aquecido pelo vinho, fiquei pensando: como surgiu este enorme e complexo aparato gatronômico-vestual-músico-dançante da Festa Junina? E por quê? Este é o grande barato do folclore, geralmente ele simplesmente existe, sem explicações. E nem precisa, basta existir.

sexta-feira, julho 07, 2006

Boa Noite e Boa Sorte

Assiti ao filme com o qual o "bonitão" George Cloney concorreu ao Oscar de melhor diretor. Meu filho, apaixonado por cinema, alugou o DVD. Filme interessante, aborda aspectos da historia recente americana (década de 50), o papel da televisão, da imprensa, da política, da liberdade, dos direitos civis em um sutil e claro paralelo com a situação atual dos EUA e seu presidente idiota. Apesar de não ser um filmão holywoodiano, nem ter fineza artística do cinema europeu, mas propõe uma postura ética frente a situações nas quais, muitas vezes preferimos "ir com a corrente". E por ser tão "diferente" (branco e preto, etc), é atraente para quem gosta de cinema engajado e bem feito (como antigamente).

segunda-feira, julho 03, 2006

Choque Cultural

Um dos maiores impactos psicológicos que uma pessoas pode ter é o "choque cultural": ver-se imersa em outra cultura - língua, costumes, clima e estilo de vida diferentes - sem estar preparada para o que vai encontrar.
Muitas pessoas já passaram por esta experiência, a maior parte bem sucedidas, com maior ou menor dificuldade. Tive um caso, quando trabalhava com estudantes estrangeiros na ACM de Sorocaba, em que o rapaz colombiano teve um surto psicótico e teve de voltar, tal a violência do choque que sentiu e a dificuldade de adaptar-se.
Mas não é isso o que me chamou atenção recentemente. Percebi o quanto é também difícil, para alguns, o retorno à própria cultura. Para alguns, o esforço e o sucesso são tão grandes ao enfrentar uma nova cultura, que, ao voltarem "prá casa" sentem uma dificuldade maior de readaptação ao antigo e conhecido ambiente do que o choque cultural inicial.
Lembro-me que não tive muitas dificuldades para me adaptar à vida nos EUA quando estive lá por um ano como intercambista do AFS, na década de 70. Mas "voltar" ao Brasil levou-me aproximadamente seis meses!!!
Menciono este assunto porque estive com uma amiga recentemente que passa justamente por esta fase difícil, e na tentativa de ajudá-la, mencionei minha própria experiência e percebi como ela foi forte e marcante. Estranho, não? Ser mais difícil "voltar pra casa" do que ser "um estrangeiro em terra estranha" !