terça-feira, janeiro 30, 2007
Devaneios...
Percebi que, muitas vezes fazemos algo porque queremos, sem nenhuma imposição; mas, na maior parte das vezes, fazemos aquilo que precisamos fazer, devemos fazer, muitas vezes sem prazer nenhum.
Concluí que ao fazermos o que devemos, sentimos a satisfação do "dever cumprido"; ao fazer o que queremos, sentimos o prazer do "desejo satisfeito".
Mas, quando as duas situações se fundem, e fazemos com prazer o que devemos, então sentimos a felicidade de "ser e estar".
Pena serem tão raros esses momentos...
domingo, janeiro 28, 2007
Se der certo, dá errado...
Isto é, se o país der certo, dá errado!!! Vá entender...
sexta-feira, janeiro 26, 2007
Ctrl C + Ctrl V
Maçãs ácidas
“- Quanto tempo demora? – perguntou ele [o pequeno Sohrab]
- Não sei, um pouco.
Sohrab deu de ombros e voltou a sorrir, desta vez era um sorriso mais largo.
- Não tem importância. Posso esperar. É que nem maçã ácida.
- Maçã ácida?
- Um dia, quando eu era bem pequenininho mesmo, trepei em uma árvore e comi uma daquelas maçãs verdes, ácidas. Minha barriga inchou e ficou dura feito um tambor. Doeu à beça. A mãe disse que, se eu tivesse esperado as maças amadurecerem, não teria ficado doente. Agora, quando quero alguma coisa de verdade, tento lembrar do que ela disse sobre as maçãs.”
O Caçador de Pipas, de Khaled Hosseini
quarta-feira, janeiro 24, 2007
Violência, muros e grades...
Leio as notícias da fuga de presos de uma cadeia que fica em uma pequena cidade próxima à minha. Bandidos armados invadiram a cadeia – que fica ao lado da delegacia - e libertaram mais de 70 presos. Leio depoimentos de moradores da cidade sobre o medo de sofrerem violência em função da presença da cadeia em pleno centro da cidade.
Vem à minha mente a letra da música dos Engenheiros do Hawaii, “Muros e Grades”, que, apesar de ter sido escrita há mais de dez anos, é mais atual hoje do que nunca foi. E bonita também. E está na lista das 100 + nacionais.
Veja abaixo a letra. Para ouvi-la, pressione o botão azul do boxnet.
"Nas grandes cidades, no pequeno dia-a-dia
O medo nos leva tudo, sobretudo a fantasia
Então erguemos muros que nos dão a garantia
De que morreremos cheios de uma vida tão vazia |
Nas grandes cidades de um país tão violento
Os muros e as grades nos protegem de quase tudo
Mas o quase tudo quase sempre é quase nada
E nada nos protege de uma vida sem sentido
Um dia super, uma noite super, uma vida superficial
Entre as cobras , entre as sobras da nossa escassez
Um dia super, uma noite super, uma vida superficial
Entre sombras, entre escombros da nossa solidez
Nas grandes cidades de um país tão irreal
Os muros e as grades nos protegem de nosso próprio mal
Levamos uma vida que não nos leva a nada
Levamos muito tempo pra descobrir
Que não é por aí... não é por nada não
Não, não pode ser... é claro que não é, será?
Meninos de rua, delírios de ruínas
Violência nua e crua, verdade clandestina
Delírios de ruína, delitos e delícias
A violência travestida faz seu trottoir
Em armas de brinquedo, medo de brincar
Em anúncios luminosos, lâminas de barbear
Viver assim é um absurdo como outro qualquer
Como tentar o suicídio ou amar uma mulher
Viver assim é um absurdo como outro qualquer
Como lutar pelo poder
Lutar como puder"
As 100 +, finalmente.
O critério tem sido este: músicas que de alguma forma me "tocaram", que tem significado maior do que serem "bonitinhas" ou "musicalmente de boa qualidade", ou mesmo "cantaroláveis". Então, cada uma tem uma história, um momento, uma conexão com um fato ou sentimento na minha vida.
Não vou listar todas aqui. Agora. Algumas, eu já publiquei pelo boxnet e voces puderam ouvir. Outras ainda vou faze-lo. Aos poucos. Ainda estou tentando "recolher" todas em mp3, mas não está fácil. E tem umas que só existem para mim, isto é, vai ser muito difícil conseguir. Como a que o Persinho Gomes de Deus, ilustre psiquiatra paulistano, compôs especialmente para meu casamento, e que só tenho em fita cassete... Ou a do meu amigo Ricardo Breim, "Ao que vai nascer", gravado pela sua banda "Quintessência", da qual só tenho o vinil...
De qualquer forma, sugiro aos amantes da música, acima dos 30 anos de idade, que façam suas listas - é muito legal!!!
Só pra mencionar algumas, fazem parte "At Seventeen" com a Janis Ian, "What's the Difference" com Scott Mackenzie, "Unicórnio Azul" de Silvio Rodriguez; e também "O ciúme" do Caetano, "Tocando em frente" do Almir Sater, e "Coração de Papel" do Paulo Sergio.
Depois mencionarei outras.
quarta-feira, janeiro 17, 2007
Empresas covardes
Enoja-me a forma como as empresas, ao serem pegas em erro, rapidamente se escondem atrás de algum funcionário, a quem acusam de ter cometido a falha, avisam o cliente que já puniram o responsável, e estamos conversados.
Que grande canalhice!!! Explico-me:
Quando uma empresa comete um erro (como, por exemplo, a Caixa Econômica Federal) e recebe uma reclamação, sai imediatamente atrás de um bode expiatório. Obviamente, acham, geralmente um peão subalterno, que recebe uma reprimenda (um “erguida” como diz o povo), quando não a demissão sumária. O cliente, então, recebe um telefonema, ou um e-mail, no qual a empresa se justifica, dizendo que não foi erro da empresa, mas, sim, do funcionário, que já foi devidamente punido.
Ora, em primeiro lugar, responsabilidade não se delega. Delega-se autoridade. O funcionário agiu em função de autoridade que lhe foi outorgada para atuar em nome da empresa. Por falha da empresa, ele fez algo errado. Pode ser no treinamento insuficiente, supervisão inadequada, normas de procedimentos dúbios, ou erro na contratação do fulano (ou tudo junto). MAS A RESPONSABILIDADE PELO ERRO É SEMPRE DA EMPRESA !!!!!!!!!!!!!
Sonho em receber, um dia, um telefonema ou e-mail de uma empresa da qual eu tenha feito alguma reclamação com os seguintes dizeres: “Sentimos muito pelo corrido. A empresa errou e pede desculpas. Tomamos as providências necessárias para evitar que este erro se repita, e nos dispomos a compensá-lo por eventual prejuízo. Esperamos contar com sua compreensão e continuidade como nosso cliente. Assinado, a Empresa”
Ao se esconderem atrás de seu próprio funcionário, as empresa demonstram toda sua covardia e falta de consideração pelo ser humano.
E tenho dito.
Globalização e humanidade
“Gostaria de lhes contar que, em Cabul, pegávamos um galho de árvore e usávamos como se fosse cartão de crédito. Hassan e eu levávamos aquele galhinho até a padaria. O padeiro fazia marcas na vareta com uma faca, e cada uma correspondia a um naan que ele tirava para nós das chamas do tandoor. No fim do mês, meu pai lhe pagava pela quantidade de marcas na vareta. Era só isso. Sem perguntas. Sem documento de identidade.” (em “O Caçador de Pipas”, de Khaled Hossein).
O mundo globalizado é cheio de maravilhas e assombro tecnológico. Esta semana, a notícia do momento foi o novo aparelho celular da Apple, o iPhone, que é muito mais que um telefone celular - tira fotos, toca música, acessa a internet – tudo sem nenhuma tecla, a não ser a “on/off”.
Mas eu tenho saudade do tempo em que a gente usava a “caderneta” pra marcar as compras feitas na padaria, no açougue, na quitanda, todos de pessoas a quem chamávamos pelo nome e que nos tratavam pelo nome também. Não chegava a ser uma vareta de árvore, mas era quase isso.
O mundo encheu-se de maravilhas, mas perdeu parte de sua simplicidade encantadora. Um pouco da sua humanidade...
sábado, janeiro 13, 2007
"Almost Blue"
quinta-feira, janeiro 11, 2007
Ctrl C + Ctrl V
“...Quando você mata um homem, está roubando sua vida... Está roubando da esposa o direito de ter um marido, roubando dos filhos um pai. Quando mente, está roubando de alguém o direito de saber a verdade. Quando trapaceia, está roubando o direito à justiça. Entende?...”
“...Não há ato mais infame do que roubar... Um homem que se apropria do que não é seu, seja uma vida, ou uma fatia de naan... Cuspo nesse homem... E se alguma vez ele cruzar o meu caminho, que Deus o ajude. Está entendendo?”
(Baba, pai de Amir, em “O Caçador de Pipas”, de Khaled Hosseini)
quarta-feira, janeiro 10, 2007
Tempo bom, tempos ruins...
Mas, mesmo com tempo bom, a maldade grassa solta. Um conhecido daqui da vizinhança, homem simples e trabalhador, está, como dizemos por estas bandas, "desacorçoado". Seu filho, um jovem de 21 anos, foi preso por receptação de objeto roubado - no caso, um aparelho de som automotivo. Está preso - apesar dos autores do roubo terem afirmado na polícia que ele não sabia que o equipamento era produto de um crime - desde quinta-feira, na companhia de criminosos de carreira, assassinos e pessoas violentas. O pai tenta, desesperado, soltar o filho - contratou advogado para quem já deve 3 mil reais. Afirma que a vida acabou para si e sua família. Não compreende porque o filho não pode responder ao processo em liberdade, já que é réu primário e está sendo acusado de crime leve, não-violento.
Nem eu.
sábado, janeiro 06, 2007
eMule
Bem, mas o assunto é um programa muito interessante, chamado eMule. Meu sobrinho o instalou em meu computador durante as festas e consegui algumas preciosidades musicais que só possuia em vinil. Obrigado, André !
Como, por exemplo, a música que partilho com voces: "Quem saberia perder", com Ivan Lins, Sá e Guarabyra. Além de bela, é filosoficamente relevante. Faz parte das 100 +, é claro. É só clicar no "botton" azul ao lado.
Aproveitem e espero que gostem!!!
Molhado
A água já penetrou pelo telhado (há várias goteiras no teto), nas roupas (parecem úmidas), e em tudo. Mofo e bolor são substâncias onipresentes, em tudo e em qualquer lugar.
Quando pára um pouco, é só para ganhar força e recomeçar mais forte. Há muito não chovia por tanto tempo na cidade. Que não é uma cidade chuvosa. Ou, não era.
Chove tanto que parece que as plantas já estão encharcadas e anseiam por um raio de sol.
Aqui não houve tragédias como em outros pontos do país. Apenas essa sensação pesada de umidade que desanima.
Quando virá o sol novamente? Não sei. Espero que logo. Mas não há nenhum sinal no céu.
Fico pensando: "que sorte eu não ter feito parte da família de Noé..."