segunda-feira, dezembro 18, 2006

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Vivemos a triste realidade de um mundo que tem “donos”. E neles cresce a consciência de que nós... somos pequeninos diante do monopólio geopolítico, tecnológico e militar da “Nova Roma”, e do oligopólio econômico do restrito grupo de nções ricas (G-8).

Como... cidadãos reponsáveis, sentimos uma desconfortável sensação de fragilidade, de vulnerabilidade. Isso quando... o pensamento da nova (des)ordem internacional encara as desigualdades como legítimas e inevitáveis, e a injustiça, a opressão e a exclusão como da natureza das coisas. Aos vitoriosos, os louros; aos fracos, a caridade condescendente.

... em tempos recentes sonhamos que a esperança havia vencido o medo. Estamos acordando do sonho para, com tristeza, percebermos que a decepção parece estar vencendo a esperança, que o realismo sacrificou valores, que se esgotou um capital moral. Mais uma vez... as nossas elites circulam, pactuam, incorporam novos atores. Continua o (des)valor na prática da realpolitik. A oposição ao capitalismo vai se transformando na oposição no capitalismo. Novas faces e novas retóricas nas velhas práticas. Idéias, ideais e idealismos parecem, com surpreendente rapidez, ter ido parar na lata do lixo da história. A autenticidade, a fidelidade e a coerência parecem percebidas como algo ultrapassado, exótico ou delinquente.

Vemos soberanias nacionais ameaçadas, soberania popular ameaçada, seres humanos ameaçados ou violentados em sua dignidade humana, culturas ameaçadas, e eleições como meros ritos formais cíclicos sobre o apenas adjetivo. No lugar de estadistas, temos meros gerentes do sistema único possível, em suas variações quanto ao secundário. Os velhos paradigmas se tornaram obsoletos, e os novos, apenas nefastos. Vivemos a crise do sistema e, também, a crise do ser.

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Robinson Cavalcanti, in “O ‘realismo’ venceu a esperança?”, Ultimato, jan-fev 2004.

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