quinta-feira, março 29, 2007

Pelo sim, pelo não...

Recebi um email de uma organização não governamental evangélica conclamando-me (a mim) a votar numa pesquisa da “Folha” que pergunta se os homossexuais devem ter os mesmos direitos que os heterossexuais.

Respondi que, “pelo sim, pelo não, meu voto é no meio (ambiente). Salvo engano”.

Enganei-me?

Por que este assunto é alvo de tal veemente campanha?

E a impunidade dos parlamentares corruptos? E o aumento de 83% no salário do Sr. Presidente? E as sete pessoas que morreram, só neste mês de março, por bala perdida no Rio de Janeiro? E a dengue, que grassa solta pelo país? E o salário de fome que recebe a maior parte dos assalariados brasileiros? E o desemprego que atinge a outra parte? E a nossa indiferença quanto à destruição da Amazônia? E o problema do tráfico de drogas, menores, mulheres, trabalhadores neste país? E o Bush, com seus bushismos, que leva destruição ao mundo e lucros imorais às empresas multi?

Vocês tem certeza que eu devo me inquietar e envolver com a questão dos direitos iguais entre homo e hétero? ! ? !

Bem, se vocês acharem que sim, tudo bem.

quarta-feira, março 28, 2007

Il Dolar Bucato

Esta é uma preciosidade vinda do cinema "western spaghetti" italiano: com Giuliano Gemma como o "loner cowboy", sofre pra caramba, apanha pra diabo, mas vinga-se no fim!
O filme, no Brasil intitulado "O Dólar Furado", além do impacto pela violência, deslumbra pela música de Paul Mauriat, assobiada lindamente (como só meu pai também fazia nos bons tempos). Pena que o assobio não faça mais parte da cultura musical dos nossos dias...
Entre no "Boxnet" (botão azul ao lado) e procure o arquivo "Temas de filmes". Delicie-se.
...
Não tem de quê.

Ctrl C + Ctrl V

Repasso o que meu filho me enviou hoje, por e-mail:
"Não entendo. Isso é tão vasto que ultrapassa qualquer entender. Entender é sempre limitado. Mas não entender pode não ter fronteiras. Sinto que sou muito mais completa quando não entendo. Não entender, do modo como falo, é um dom. Não entender, mas não como um simples de espírito. O bom é ser inteligente e não entender. É uma benção estranha, como ter loucura sem ser doida. É um desinteresse manso, é uma doçura de burrice. Só que de vez em quando vem a inquietação: quero entender um pouco. Não demais: mas pelo menos entender que não entendo." - CLARISSE LISPECTOR

domingo, março 25, 2007

A toca das corujinhas

Por mais de 10 anos eu acompanhei um casal de corujas que fez sua toca na encosta ao lado da estradinha que leva à minha chácara em Sorocaba. Por muitos anos, elas fizeram seu ninho e tiveram seus filhotes ( 2, vez em quando 3 e até 4 de cada vez), criaram-nos e voltavam no ano seguinte. Eram minha alegria e minha atenção, ao passar pela toca, procurar pelo casal e saber se estavam bem. A rua era pouco transitada, e vez ou outra eu precisava parar, descer do carro e limpar a entrada da toca, que alguem maldoso havia enchido de entulho. Na ocasião, elas ficavam no poste de luz próximo gritando advertências à minha intrusão.
Mas o tempo passou, a estradinha foi asfaltada e virou rua, o movimento aumentou e elas acharam por bem procurar outro ninho...
Todo dia, quando passo em frente, ainda procuro por elas, na boca da toca - abandonada -, no alto dos postes ou nos muros ao redor. Mas... nada!!! Minhas corujinhas se foram. Onde estão? Estarão bem? Protegidas? Será sua nova toca tão boa quanto a antiga? Nunca mais vou vê-las?
Que tristeza!!!

sexta-feira, março 23, 2007

Us & Them

Vendo pela terceira ou quarta vez o documentário sobre o disco "Dark Side of The Moon", do Pink Floyd, surpreendeu-me o depoimento de Roger Waters sobre a música -lindísima como todas - "Us & Them".
Ele afirma que se trata da pergunta, que permeia todo o disco, sobre "se o ser humano é capaz de ser humano". Ele afirma que esta pergunta ainda é relevante, 35 anos depois do lançamento do disco.
Para mim, o mais assustador é que a resposta é "sim". O ser humano é capaz de ser humano, mas não o é, a não ser em algumas poucas, raras e excepcionais ocasiões. E são essas ocasiões que mantém a minha crença na criação do Homem por um Ser, e não "by chance". Ainda mantemos, mesmo sob grossa camada de sujeira, lampejos das características humanas gravadas pelo Criador: generosidade, beleza, alegria, paz, liberdade, verdade, amor. Pena que apareçam tão pouco...
Sobre o depoimento de Roger Waters, ainda voltarei a comentar, ok?
Ah, voce pode ouvir "Us & Them" clicando no botão azul "Boxnet" à direita. Enjoy!

terça-feira, março 20, 2007

De leite a pimentão

O fim-de-semana foi chuvoso.

E minha cunhada comemorou seu aniversário na praia – mais precisamente, no Guarujá – em um enorme apartamento frente para o mar.

O verão já está no fim e eu ainda não tinha ido à praia. Então o convite veio a calhar, com chuva e tudo. Mas, para espanto de todos, na manhã seguinte à nossa chegada, a chuva parou e fomos todos à praia, apenas para caminhar, já que não havia sol. Na ausência de sol, também não tomamos a natural precaução de passar protetor solar. Resultado: em poucas horas alguns de nós estávamos avermelhados, quase ardidos. Minha cunhada – não a aniversariante, irmã desta – comentou que a pele de alguns havia passado de “branco leite a vermelho pimentão” num piscar de olhos. O que era a mais pura verdade.

Daí veio a idéia de escrever com este título – “De leite a pimentão” – porque provoca a curiosidade. Afinal, o que raios tem o leite a ver com pimentões!?

Agora você já sabe...

sexta-feira, março 16, 2007

Eclipse

Aconteceu um há pouco: no sábado, dia 3, tivemos um bonito eclipse da lua. Mas refiro-me a outro, do sol pela lua. Estou ouvindo "The Dark Side of The Moon", uma obra-prima maravilhosa do Pink Floyd, e, mais uma vez, a simplicidade e profundidade das palavras da bela "Eclipse" me encheram a cuca: "tudo sob o sol está em sintonia, mas o sol é eclipsado pela lua".
Tão simples, e tão profundo !!!
Deus fez tudo bom e belo, mas a maldade humana mancha e escure a beleza divina, que apesar da escuridão dos nossos dias, continua lá.
Quem quiser ouvir, é só clicar no botão azul do Boxnet, ao lado.

terça-feira, março 13, 2007

Passarada

Minha filha tirou "A Foto do Dia" - um pequeno passarinho de peito amarelo, empoleirado nas folhagens da varanda.
Foi preciso buscar num maravilhoso livro sobre pássaros, "The birds of Brazil" de Tomas Sigrist, o desenho do bichinho pra identificá-lo.
Onde moro frequentam mais de 15 espécies diferentes de pássaros, ao menos, as que conseguimos identificar.
O que nos levou a fotografar este e buscar identificá-lo foi sua audácia: ele e seu (sua) companheiro(a) ficaram, por alguns minutos, empoleirados na janela da varanda, ostensivamente olhando para dentro da casa como se quisessem visitar-nos.
Veja só... bem no canto inferior direito da janela, um deles pousado e olhando para a sala!

quarta-feira, março 07, 2007

Out-doors, de novo!!!

Agora, foi outra escola superior, divulgando seus cursos. O título é: "O mundo precisa de líderes. O mundo precisa de você." E depois sugerem que a escola deles prepara os líderes de amanhã.
Minha primeira bronca é com a afirmação de que o mundo precisa de líderes. Eu já acho que os temos em demasia. o que nos falta são bons líderes, com perfil de um Martin Luther King, um Mahatma Gandhi, um Moisés... só pra mencionar os mais famosos.
A outra bronca é com a afirmação de que o mundo precisa "de você" enquanto líder potencial. Até parece que o profissional subalterno, ou quem não ocupa um cargo de proeminência na sociedade, não vale nada. E daí se você não se tornar um líder? O valor de uma pessoa não se mede pela capacidade de liderança que ele adquire.
Por fim, não será muita pretensão achar que um curso superior é suficiente para formar um líder? E que esta escola reune as condições para tal tarefa? Muita pretensão.
To pensando em lançar um MBA: "Como ser servo, e estar a serviço da humanidade". Não. Primeiro, quem serão os professores? Segundo, não vai ter uma inscrição... Deixa pra lá.
Salvo engano.

terça-feira, março 06, 2007

Letra e Música !

É comum as pessoas imaginarem o que fariam diferente caso pudessem voltar a viver. Alguns imaginam-se nascendo em berço esplêndido, ou em outro país; outros imaginam-se com outra aparência ou até mesmo outro “gender”...

Eu também já imaginei, se vivesse esta vida novamente, que alterações desejaria. Confesso que poucas, muito poucas. Apesar de habitar a Gruta, e ser um ranzinza de mão cheia, tenho, na verdade, pouco do que reclamar: fui agraciado com uma linda família, uma casa agradável, grandes amigos, finanças equilibradas... é, realmente sou um afortunado imerecido.

Ontem, porém, ao baixar a canção do Chico “Todo Sentimento”, belissimamente interpretada por Ney Matogrosso, me deu uma inveja danada desses artistas sensíveis e prodigiosos, que conseguem captar na melodia ou na letra, as profundezas d’alma. Lembrei-me de Milton, em “Certas canções”, na qual pergunta, ao ouvir coisa tão bela, “como não fui eu que fiz”. E pensei: se vivesse de novo, gostaria de ter sensibilidade musical de um Bach, Beethoven, Mozart, e a habilidade literária de um Chico, um Caetano, um Noel...

Mas qual!!! O máximo que cheguei de “ser um artista” foram algumas aulas de violão na adolescência, alguns versos mal traçados e uns tantos vexames no “videokê”, em festas de confraternização.

Resta-me o consolo, essencial, de poder ouvir as músicas e canções destes monstros da arte. Algumas, disponíveis também para vocês, no já famoso botão “Box” azul, na coluna à direita deste blog.

quinta-feira, março 01, 2007

Esse é o país que vai pra frente...

A Folha de hoje noticia que:

O STF (Supremo Tribunal Federal) adiou nesta quinta-feira o julgamento da aplicação da lei de improbidade administrativa contra administradores políticos. Se o Supremo decidir futuramente que os políticos não podem ser julgados pela lei de improbidade administrativa, cerca de 14 mil processos contra políticos acusados pelo Ministério Público de desvio de dinheiro público e corrupção podem ser extintos.

É muita cara-de-pau dos senhores-de-engenho e príncipes encastelados na praça dos 3 poderes.
Resta crer na Graça divina que trará, um dia, a Paz e a Justiça à Terra...
Salvo engano.

Ctrl C + Ctrl V - ASSINO EMBAIXO!!!

Maioridade penal: mero paliativo

Dioclécio Campos Júnior,
Médico, professor da UnB e presidente da Sociedade Brasileira de Pediatria

TRATAR SINTOMAS NÃO CURA DOENÇAS. Nem as previne. Só as faz tornarem-se crônicas. Sem o reconhecimento das causas das enfermidades não há terapêutica nem prevenção apropriadas. O mal propaga-se, torna-se mais virulento, desafia remédios propostos para reduzir sua prevalência. As medidas de controle formuladas pelo reducionismo simplista de pessoas impressionadas pelas doenças são inconsistentes, ineficazes. Controlam apenas a ansiedade e o pânico de quem quer acreditar em sua validade.

Era o que se fazia durante epidemias no período anterior ao advento da ciência. Doentes eram confinados para afastá-los do convívio com os indivíduos sadios. Queimavam-se casas, roupas, móveis e pertences de portadores de doenças aparentemente contagiosas. Leprosários e manicômios eram construídos para impor limites à propagação de males cujas verdadeiras causas se ignorava. Assim se fez com as enfermidades que afetavam o indivíduo. Assim se faz ainda com as doenças que acometem as sociedades.

A sociedade brasileira está gravemente enferma. Seus órgãos padecem de corrupção que os corrói com o poder devastador da gangrena. Suas funções estruturantes perverteram-se no caos das disputas de privilégios. A injustiça campeia como micróbio resistente que lhe contamina as entranhas. As discriminações sociais, raciais e econômicas aparecem em seu corpo deformado como chagas profundas, em incessante progressão. O país recusa-se a olhar no espelho. Rejeita o diagnóstico que emerge dos sintomas de sua própria realidade.

Crianças e adolescentes não têm lugar numa sociedade de natureza tão egoísta. Suas vidas nada valem porque nada produzem para os negócios do mercado. São estorvos. Diariamente são abandonados, ainda recém-nascidos, em latas de lixo, esgotos, terrenos baldios ou, quando meninos, nas ruas de nossa indiferença ou nas avenidas do nosso descaso. Sua presença incomoda pouca gente. O pedido de socorro que a fragilidade de suas vidas expressa não sensibiliza as mentes anestesiadas pela riqueza material. A infância deixa de existir como período de acesso à plenitude afetiva, nutricional, fase de estimulação adequada, requisito do desenvolvimento mental para a formação de adultos saudáveis, cidadãos.

A destruição da infância é causa maior da doença que acomete a sociedade brasileira. Os sintomas são notórios. Refletem reações de um organismo social enfermo. Quando se agudizam sob forma de tragédia, pensa-se na solução de efeito. Jamais no tratamento da causa, cujo início protela-se há séculos. Não se pode salvar a juventude sem recuperar o ciclo de vida decisivo da infância, perdido nos descaminhos da nossa história. Todo recém-nascido tem direito de se tornar cidadão. Direito à educação plena, desde a fecundação, assegurados os requisitos nutricionais, afetivos, ambientais e lúdicos indispensáveis ao seu crescimento e desenvolvimento.

A crueldade que matou a criança, arrastada em carro roubado por delinqüentes no Rio de Janeiro, é crime que consterna pela brutalidade da forma. Não pelo que representa como delito. A morte de crianças já não emociona a sociedade. Banalizou-se. Nesses momentos contundentes revigoram-se propostas de tratamento de sintomas, como a idéia mórbida da pena de morte ou a anomalia da redução da maioridade penal, meras tentativas de ocultar os sinais de doença da sociedade, negando-lhe a existência. É mais simples e barato executar jovens e prender crianças que investir na cura da sociedade de que são produto. Afinal, o presídio de segurança máxima é o monumento dos países com educação de qualidade mínima.

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