quinta-feira, novembro 09, 2006

Virulência

Tenho seguido, atento, a discussão teológica que acontece na blogosfera entre cristãos protestantes de diferentes matizes e pontos de vista (vide Norma, Ed René, Nagel, Gondim, Brabo, Lou, etc). Para quem nada sabe, sugiro a leitura de O destino eterno de Deus, de Paulo Brabo.

Posso estar errado, mas começo a desconfiar que a certeza de algo é um grande perigo. No momento em que pensamos ter certeza sobre algo, tendemos a nos sentir seguros. E sentindo segurança, deixamos de ter a disposição de ouvir os outros; achamos a opinião do outro desnecessária e, algumas vezes, o próprio “outro” é descartado como supérfluo. E não enxergamos mais os perigos, os problemas, as contradições naquilo que pensamos. Usamos nossa idéia como argumento para descartar as idéias alheias, e achamos isso muito lógico e racional. Freqüentemente nos unimos àqueles que concordam conosco, para reforçar a certeza de que estamos certos... até companheiros temos!

E aí quebramos a cara. Passamos a agredir e menosprezar quem não faz parte do “grupo”, mesmo quando tem razão, até fazermos papel ridículo e acabarmos sós e olhados com piedade ou desprezo pelos outros, inclusive pelos nossos ex-parceiros – que convenientemente pularam do navio antes que afundasse.

Por isso tenho usado com freqüência a frase de P. Brabo: “salvo engano”. Tenho profunda consciência da pequenez de meu conhecimento e dos parcos recursos – racionais, emocionais e espirituais – para afirmar qualquer coisa. Não deixo de afirmá-las – como aqui – e tenho usado o “Salada Mista”, "O Tempo Passa...", e as oportunidades - dando pitaco nos blogs dos outros - para expressar minha opinião. Mas sem a pretensão de proprietário da verdade.

Estarei errado? É possível, é provável, é certo. Deus sabe o quanto já estive seguro a respeito de tantas coisas. Inutilmente, por sinal.

Creio que todo diálogo devia começar com “Posso estar errado...” É um bom começo, tira a pretensão da verdade e reduz a necessidade do outro de se por na defensiva. Acaba a virulência, não é? E o diálogo se torna saboroso e produtivo para ambos.

Salvo engano.

5 comentários:

Paulo Brabo disse...
Este comentário foi removido por um administrador do blog.
Paulo Brabo disse...

Sem esquecer que acabamos usando, conscientemente ou não, as 38 maneiras de vencer uma argumentação - não no interesse da verdade, mas só para sair por cima na discussão ;)

Uma maneira mais convoluta de dizer "Posso estar errado" e "Salvo engano" também está no meu dicionário de frases feitas. Anote aí: "Não quero partir do pressuposto que um de nós está errado e o outro está certo apenas porque discordamos, mas..."

Anônimo disse...

Salvo engano, sua premissa está correta. Mas examinemos o que você está dizendo.

Unknown disse...

nossa...
concordo totalmente...
muito bom!
beijos,
alê

Igreja Emergente disse...

Salve as incertezas!