segunda-feira, agosto 28, 2006

Ética, Eleições e Política

Discute-se hoje a viabilidade de coexistirem a ética e a política. Principalmente em época de eleições – especialmente nesta – a ética é moeda forte na propaganda, todos se dizendo ferrenhos defensores da “moral e dos bons costumes” políticos e sociais.
Até que vem alguém – no caso, dois artistas de renome - e diz o contrário: a política é suja e quem entra, suja as mãos, queira ou não.
Uau!!! Ou tem muita coragem, ou são muito ingênuos, ou são muito cara-de-pau!!! Isso lá é coisa que se diga? Em plena campanha eleitoral?
Eu os aplaudo, pois acho que foram sinceros, corajosos. E discordo. A política é suja, sim, porque nós a fazemos assim. A política é mero instrumento de convivência social criada pelo homem. A maneira de usá-la que a faz suja ou limpa. Se quisesse, nós a faríamos funcionar.
Até parece que o "bem" – que o homem deseja fazer – não faz; mas o "mal" – que não quer – este sim, ele faz. Humm... acho que alguém já disse isso antes...

3 comentários:

Lou H. Mello disse...

Tudo isso me entristece. Não sei como vou entrar no picadeiro hoje. Mas, vou arrumar algum jeito de fazer as crianças sorrirem. Talvez eu me vista de Lula e diga "Eu não minto, jamais!"

O Tempo Passa disse...

Lembra daquele presidente americano que disse: "read my lips" e mentiu descaradamente? Infelizmente, não são só nossos lulas que o fazem...

Hernan disse...

Li na faculdade um texto de Max Weber sobre o assunto que levou-me a algumas reflexões.
Em virtude da natureza da atividade política - que exige um discurso e uma prática que não firam a sensibilidade de seus ouvintes, que possuem interesses antagônicos entre si - é difícil manter a ética. Como agradar ao mesmo tempo banqueiros e industriais? Mentindo, oras!
O político deve mentir, pois se disser a verdade corre o altíssimo risco de não ser eleito ou de sua carreira política ser enterrada. Dizer a verdade em política é uma fraqueza, quase uma falha moral. Tomemos como exemplo o senador Suplicy, considerado um político insosso pela opinião pública. Tudo porque ele simplesmente é honesto. Veja o caso da Heloísa Helena. Ela disse que seu programa de governo é diferente do programa do partido. Foi o suficiente para acusarem-na de incoerência. Eu não vejo assim. Acho que ela disse a verdade e por isso fragilizou sua camapanha. É melhor dizer que vai resolver num passe os problemas históricos do País. É mentira, funciona.
Outro caso é o Cristavam Buarque. Ele não parece estar mentindo em sua campanha, por isso é tão inexpressivo.
Weber viu que o político precisa ser assim, mas deve saber ser assim. Deve ser diplomático, senão trava tudo. Política e ética não andam juntas com facilidade e por muito tempo, pois cada uma delas contêm em si mesmas elementos que minam a outra.